olhares
Sabes o que vejo quando te olho?
Vejo muito para além daquela camada de pele que nos cobre o corpo.
Os músculos, a gordura e os ossos.
Vejo-te assim e assim me tens!
Desprovida de todas as máscaras que crio no dia-a-dia.
Sou um ser frágil que espera a tua aceitação.
Mas gostar é mais que tirar a roupa.
É ouvir o doce embalar da tua voz.
Ou tocares a ponta do meu nariz naquele momento em que me falas com o silêncio.
Tudo conta quando nada interessa.
O conjunto é indissociável das partes e as partes só são notadas no todo.
É uma realidade tão exposta quanto aquilo que somos. Nós sob a luz que nos ilumina todos os defeitos.
Os sinais e as cicatrizes. Os cabelos em desalinho.
É mostrar o corpo, a alma, mostrar tudo. Gestos desprovidos de qualquer sensualidade provocada.
Abrir a porta de uma intimidade imaterial e não esconder nada.
Porque gostar não se consegue com camadas entre a pele de quem se gosta.
Porque gostar é partilhar o toque, e o toque é calor, e o calor é paixão, e a paixão é tesão, e a tesão é nua.
E o que vejo quando te olho é que gosto de ti!