loucura dos sentidos
As tuas palavras estão a tornar-se cada vez mais acutilantes, duras. Cada vez que entro no nosso universo sinto o teu sabor, sinto as gotas de prazer que deixas escorrem por mim, tornam-se minhas, tuas, nossas, lembras-te?
Porque deixas o teu silencio ser ensurdecedor, ele grita a todos os meus sentidos, os meus, os nossos.
As palavras que trocámos não foram honestas o suficiente para ti? Lembras-te de tudo o que escreves-te no meu corpo, de todos os paladares que te satisfizeram como nunca?
A vida continua, por muito triste que possa parecer.
Começo a perder a memória de ti, da pessoa que amo, que amei. Agora estou diferente. Aquilo que fomos está cada vez mais distante, como se fugisse para desaparecer no nevoeiro sobre as brumas.
A tua imagem está a desvanecer-se, graças ao teu silencio. Cansas-me. Tento arrancar de mim esta obsessão. Começo por tentar arranjar defeitos que não tens, porque estás longe, porque te afastas, não consigo. Continuas demasiado vivo no meu corpo. Lembras-te? O único sitio onde consegues ser livre?
Posso ser a responsável pela tua decisão, por este silêncio, mas sabes que nada foi dito com convicção, nada. Lembras-te?
Foste tu quem se calou. És tu que rapidamente substituis a vida que só o meu corpo te dá, dava.
Não olhas para trás, e eu estou lá ao fundo, estava.
A mágoa dói.
Silêncio.